segunda-feira, 12 de julho de 2010

Olhos

Comprimentos educados foram gentilmente trocados por nossos olhares.Era a primeira vez.A última.Talvez a única.Jamais poderiam se cruzar novamente.Era o que conduzia-me a acreditar.Bobagem.Olhava penetrante.Era incansável.Hipnotizava.Dava-me medo.Entrava na imensidão dos meus olhos,buscava por minhas fraquezas,enquanto lentamente me matava,me torturava,me expunha na mesma freqüência com que me vulgarizava e se vangloriava da ocasião,isso o fazia se sentir tão homem e me fazia tão,menos mulher.Foi preciso negar,mentir,até mesmo fugir várias vezes para encontrar respostas,alternativas,embora só existissem rastros deixados pelas incertezas.Muitos foram os sussurros,tantos foram os suspiros na ausência do que dizer.Depois,silêncio.Fechei os olhos,que então,perderam-se,vagaram intuitivamente em minhas ressuscitadas memórias,trouxeram a nostalgia,e limitaram-me a lembrar apenas da pureza que um dia em meu olhar habitou.Pisquei por alguns instantes,e fechei-os novamente,para nunca mais abrir.

4 comentários:

  1. foi profundo e gostei dessa parte Depois,silêncio.Fechei os olhos,que então,perderam-se,vagaram intuitivamente em minhas ressuscitadas memórias,trouxeram a nostalgia
    por um momento lembrei da historia do Romeu e Julieta

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  2. Simplesmente sensacional! Não sei se fiquei mesmo tão entusiasmado ou se são os meus olhos...
    É um poema,uma lição, uma obra de arte!

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  3. "embora só existissem rastros deixados pelas incertezas" Gosto da pureza do que você escreve, e aqui também vejo muito de sensibilidade - admiro.

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  4. memória dos sentimentos atemporais, gostei mt do seu txt.

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