sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Me deixa. Ou deixa.


Sabe o que mais me aborrece? Esse jeito seu de me deixar pra depois, pra amanhã. Esse jeito seu de se perder de mim, sem de fato se perder. Esse jeito de me jogar pra escanteio, só pra ver quão longe de você eu vou. Se é que eu consigo ir. Sabe o que mais me aborrece? Esse jeito seu de me preservar na cabeceira da cama, em banho Maria, junto aos seus livros e o copo d’água. Sem me querer, você me quer. Sem me desejar. Eu te desejo. Para de me varrer pra debaixo do tapete. Para! Para com isso. Para de me aborrecer. Me deixa? Deixa, eu mostrar o quanto sou engraçada. Porque lá no fundo, bem escondidinho eu sou, sabia? Sou divertida, bem humorada e (...) Deixa. Deixa pra lá. Me deixa logo! Deixa, eu mostrar as coisas lindas que eu sei dizer. Porque lá no fundo, bem guardado, cultivei as mais belas palavras pra você, sabia? Não disse. Não tive tempo de dizer, nem de mostrar o quanto eu guardei pra nós. Fica! Toma um chá? Só não me deixa. Espera! Eu sou carinhosa sabia? E também não tive a oportunidade de (...) Com açúcar ou adoçante? Não deu pra ouvir todas as músicas que você gosta, nem conhecer todos os seus amigos, mas eu poderia ainda tentar (...) Mais açúcar? Senta aí um pouco, e bebe logo, caso contrário vai esfriar. Deixei. A porta esta aberta. Não te obrigo a ficar, é só que, eu pensei que pudéssemos (...) Deixa pra lá. Onde eu errei? Eu acertei em algum momento? A gente podia ao menos. Não me aborrece! Para! Fui de menos? Sufoquei demais? Deixa, é só que, eu pensei que tivesse o direito de saber os seus motivos (...) Sim, com biscoitos o chá fica mais saboroso. Concordo com você. Como eu ia dizendo, tá aberta. Se for embora, me deixe. É que se você for agora (...) Mais chá? São ainda 16h30min. Fica! Espera, eu sei cozinhar sabia? Nunca cozinhei porque (...) São de nozes, minha avó quem fez. Você precisa mesmo ir? Fica! Para! Ou me deixa! Me deixa, vai! Adeus! Espera! Se você não quer estar aqui comigo, de corpo inteiro, de alma pura e com todo o seu coração. Deixa. Deixa que eu te levo até a porta e te faço um convite: Saia! Pode ir, é um favor que você me faz. Só não volte, porque quando eu fechar a porta, não te convido pra voltar (...) Pode deixar que eu tiro a xícara da mesa, não se incomode. Sei que não sou a pessoa mais bem resolvida e que posso me arrepender. Mas sabe? Eu deixo a dor pra depois, pra amanhã. Jogo esse meu orgulho pra escanteio. Preservo seu sentimento em banho Maria. E o seu amor (...) 





Eu varro pra debaixo do tapete. 



segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Tarde demais para (...)


A “bomba” está lançada. O desafio é esse. Dançar conforme a música, se é que me entende. Não beba refrigerante, dá celulite. Durma cedo. Não assista tanta televisão. Não consuma gordura. Não fale palavrão. Não gaste água. Poupe seu dinheiro. Planeje seu futuro. Não use drogas. Case-se com alguém. Tenha um bom emprego. Pense antes de falar. Faça isso. Não faça aquilo. Escute. Seja. Mude. Faça. Pare. Siga. Menos. Mais. Agora. Chega. (...) É muita limitação, tanta justificativa, um falso puritanismo, tamanha hipocrisia. Chega a sufocar. E a tão famosa “liberdade”? Tanta regra, demasiada punição. Onde queremos chegar? Modelos perfeitos? Então eu me pergunto, será que é preciso tanta precisão, tanto acerto, onde fica a diversão? E se eu burlar essas regras? E se eu for chegar atrasada? E se eu quiser simplesmente atravessar a rua e mudar de direção? Acorda, a vida não precisa ser levada tão a sério. Sorria sim, fale bobagens. Erre quantas vezes quiser. Volte atrás se achar necessário. Beba. Brinde, a vida é mais descomplicada do que aparenta ser. E mais intensa do que costumamos perceber. Aproveite melhor seu tempo e, se não for pedir demais, seja aquele sujeito lembrado pelas boas gargalhadas e não pelo terrível senso de humor. Se por acaso ainda não lhe contaram, seu pulsante e vital “coraçãozinho” um dia vai deixar de bater sem mais nem menos, sem qualquer aviso prévio, é justamente por isso meu caro, que eu digo (...) Não fuja da chuva, deixe molhar. Cante no chuveiro, desafine. Diga o que sente sem pudores. Ame sem vergonha. Abrace sem medo. Não economize as palavras gentis que precisam ser ditas, diga. Amanhã pode ser tarde demais para perdoar aquele velho amigo. Tarde demais para usar aquele vestido novo. Tarde demais para fazer aquele telefonema internacional. Tarde demais para (...) Quando foi seu último abraço? E seu último beijo? Quem sabe o seu último amor? E seu último porre? Não lembra? Então aproveite pra abraçar quem esta ao seu lado. Pra beijar. Pra amar. E porque não pra encher a cara? Abra aquela garrafa com grande teor alcoólico que esta empoeirando na estante, porque você fica esperando o momento certo para abrir. Se existe um momento, aprende de uma vez por todas. O momento é agora. Já! Aumente o som no máximo, sinta a música. Tome um verdadeiro banho de perfume, caia na balada. Não invente empecilhos e tempo ruim, sorria até perder o ar, ou chore até cansar, se estiver com vontade. Seja diferente. Seja o que quiser, mas seja você! E por fim, peço desculpas desde já pela minha demasiada sinceridade, mas vou ser o mais clara possível: Taque um belo de um foda-se e seja feliz!