Se você esta me ouvindo presta atenção, gritava. Mas de onde vinha? Será que estava realmente falando comigo? Eu olhava para os lados, para cima e todas as direções possíveis. Não encontrava nada, nem ninguém. E a voz insistia, uma vez, outra. Outra. Parecia ser meu inconsciente. Talvez fosse paranóia, talvez fosse. Naquele momento não importava.
Parecia que a qualquer instante ela iria assumir minha forma e permanecer em mim.
Como?
Não sei, foi tudo tão de repente, e aos poucos eu começava a perceber que ela existia. Que estava o tempo todo em mim, escondida desde o começo, sabe. Secretamente escondida. Calada, aguardando a hora certa.
Era o que dava sentido. Um misto de segurança e medo. A própria experiência errante, atingindo o meu ponto fraco, me alertando sobre coisas que nunca passaram pela minha cabeça.
Me fazia refletir, buscar outras perspectivas.
Já não havia mesmo muito a se fazer a não ser obedecer cegamente.
Então a tristeza, o medo do incerto, a insegurança.
São apenas “vozes surdas”. Eu concluía ao me sentir louca e inconseqüente. Os problemas estavam todos ali diante de mim, mas nada acontecia, nenhuma mudança.
De repente... a voz se manifestando com um “Não se sinta culpada”.
A culpa é minha, eu sei. Eu errei tanto, errei tudo. E se eu tivesse feito diferente, se eu tivesse dito sim, ou se eu tivesse tido coragem de assumir, mais agora é tarde, e eu estou cansada.
Não venha dizer que compartilha com o ceticismo de que somos o que escolhemos ser, o destino nada tem a ver com isso.
Eu discordo.
Posso discordar ao menos isso? Ou, então, esquece... Eu cheguei a esse ponto. Não acredito. Malditos sussurros que ficam me atormentando. Me deixe em paz seja lá quem for.
Continuamente me estranho, não me reconheço. Me perco.
Silêncio absoluto.
Vazia e tão quieta que qualquer palavra naquele instante soaria descabida.
Ouvia-se um fraco “Felicidade”.
Felicidade existe por acaso?
Onde é que esta a minha?
Talvez no fundo do mar, ou no topo de alguma montanha. A verdade é que eu parecia nunca alcançá-la. A verdade é que ela parecia se afastar toda vez que eu tentava ir ao seu encontro.
Fingir.
É isso. Uma maneira no mínimo mais agradável de ignorar e abstrair “essas” coisas tão incertas e divergentes que costumo chamar de “períodos de crise”. Quem é que nunca passou por um período desses, não é mesmo?
Quisera eu que fosse mais um daqueles episódios de TPM, mas não. Dessa vez não poderia recorrer a essa desculpa, não aliviaria meus problemas.
Eu queria gritar, surtar mais algo me detinha, me acalmava.
Reinvente, não é assim que a realidade funciona, minha cara. Siga em frente, cabeça erguida, necessariamente nessa ordem. Olhe para trás, porém só se for necessário.
Quisera eu que essa voz fosse imaginária, mais esse é um episódio da realidade. Sem roteiros. Sem ajustes, com toda a sua complexidade.
Como estou hoje?
Seria hipocrisia dizer que estou ótima, mas posso dizer com a boca cheia, estou REINVENTANDO, com direito a letras maiúsculas e em negrito.
Seria hipocrisia dizer que estou ótima, mas posso dizer com a boca cheia, estou REINVENTANDO, com direito a letras maiúsculas e em negrito.
ResponderExcluirBom se a gente sempre tivesse esse ânimo de se reinventar quando as coisas ficam mal... e não enroscar em qualquer canto. Bom se fosse.
E essas vozes surdas... poderiam se calar - vez ou outra.
Como já disse, me vi 3 vezes neste texto com coisas que disse ou provavelmente diria para você. E é como a linha dos sentimentos, nunca deixe ela quebrar para baixo, levante-a. É tão importante ouvir conselhos, nem que venham de uma música, um livro, um parágrafo ou uma frase, ou talvez até de um piá bobo que não sabe de nada sobre a vida. Espero que as vozes surdas do mundo se calem. Não é assim, eu sei, mas podemos despistá-las.
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