terça-feira, 12 de julho de 2011

Olhe para trás, porém só se for necessário


Se você esta me ouvindo presta atenção, gritava. Mas de onde vinha? Será que estava realmente falando comigo? Eu olhava para os lados, para cima e todas as direções possíveis. Não encontrava nada, nem ninguém. E a voz insistia, uma vez, outra.  Outra. Parecia ser meu inconsciente. Talvez fosse paranóia, talvez fosse.  Naquele momento não importava.
Parecia que a qualquer instante ela iria assumir minha forma e permanecer em mim.
Como?
Não sei, foi tudo tão de repente, e aos poucos eu começava a perceber que ela existia. Que estava o tempo todo em mim, escondida desde o começo, sabe.  Secretamente escondida. Calada, aguardando a hora certa.
Era o que dava sentido. Um misto de segurança e medo. A própria experiência errante, atingindo o meu ponto fraco, me alertando sobre coisas que nunca passaram pela minha cabeça.
Me fazia refletir,  buscar outras perspectivas. 
Já não havia mesmo muito a se fazer a não ser obedecer cegamente.
Então a tristeza, o medo do incerto, a insegurança.
São apenas “vozes surdas”. Eu concluía ao me sentir louca e inconseqüente. Os problemas estavam todos ali diante de mim, mas nada acontecia, nenhuma mudança.
De repente... a voz se manifestando com um “Não se sinta culpada”.
A culpa é minha, eu sei. Eu errei tanto, errei tudo. E se eu tivesse feito diferente, se eu tivesse dito sim, ou se eu tivesse tido coragem de assumir, mais agora é tarde, e eu estou cansada.
Não venha dizer que compartilha com o ceticismo de que somos o que escolhemos ser, o destino nada tem a ver com isso.
Eu discordo.
Posso discordar ao menos isso? Ou, então, esquece... Eu cheguei a esse ponto. Não acredito. Malditos sussurros que ficam me atormentando. Me deixe em paz seja lá quem for.
Continuamente me estranho, não me reconheço. Me perco.
Silêncio absoluto.
Vazia e tão quieta que qualquer palavra naquele instante soaria descabida.
Ouvia-se um fraco “Felicidade”.
Felicidade existe por acaso?
Onde é que esta a minha?
Talvez no fundo do mar, ou no topo de alguma montanha. A verdade é que eu parecia nunca alcançá-la. A verdade é que ela parecia se afastar toda vez que eu tentava ir ao seu encontro.
Fingir.
É isso. Uma maneira no mínimo mais agradável de ignorar e abstrair “essas” coisas tão incertas e divergentes que costumo chamar de “períodos de crise”. Quem é que nunca passou por um período desses, não é mesmo?
Quisera eu que fosse mais um daqueles episódios de TPM, mas não. Dessa vez não poderia recorrer a essa desculpa, não aliviaria meus problemas.
Eu queria gritar, surtar mais algo me detinha, me acalmava.
Reinvente, não é assim que a realidade funciona, minha cara. Siga em frente, cabeça erguida, necessariamente nessa ordem. Olhe para trás, porém só se for necessário.
Quisera eu que essa voz fosse imaginária, mais esse é um episódio da realidade. Sem roteiros. Sem ajustes, com toda a sua complexidade.
Como estou hoje?
Seria hipocrisia dizer que estou ótima, mas posso dizer com a boca cheia, estou REINVENTANDO, com direito a letras maiúsculas e em negrito.


2 comentários:

  1. Seria hipocrisia dizer que estou ótima, mas posso dizer com a boca cheia, estou REINVENTANDO, com direito a letras maiúsculas e em negrito.



    Bom se a gente sempre tivesse esse ânimo de se reinventar quando as coisas ficam mal... e não enroscar em qualquer canto. Bom se fosse.
    E essas vozes surdas... poderiam se calar - vez ou outra.

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  2. Como já disse, me vi 3 vezes neste texto com coisas que disse ou provavelmente diria para você. E é como a linha dos sentimentos, nunca deixe ela quebrar para baixo, levante-a. É tão importante ouvir conselhos, nem que venham de uma música, um livro, um parágrafo ou uma frase, ou talvez até de um piá bobo que não sabe de nada sobre a vida. Espero que as vozes surdas do mundo se calem. Não é assim, eu sei, mas podemos despistá-las.

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