quarta-feira, 6 de julho de 2011

Minhas vitrines individuais

Quer saber de uma coisa? Prefiro não correr esse risco.
Tenho observado atenciosamente meus hábitos e comportamentos, e sinto que mudei.
Não, eu não mudei, é só coisa da minha cabeça. Resolveram me enlouquecer, talvez eu esteja complicando, é só isso.
É só isso!
Sei que não sou a primeira, nem a única, muito menos a última!
Sorrio sem jeito em meio à tensão e ao nervosismo.
Como é que ninguém teve a capacidade mísera de decifrar meus sinais? Muito pelo contrário. Eles todos só imaginam e criam coisas. Criam coisas e imaginam.
Coisa nenhuma. Não sabem de coisa alguma.
É preciso informar, anunciar.
Lamentavelmente não me conhecem, mal sabem que não costumo rir. Pra ser franca falo pouco, só o necessário. Prefiro que fique o dito pelo não dito, sabe como?
Sou o tipo de pessoa que acredita e segue à risca as previsões dos astros, sou extremamente supersticiosa. Mas e daí, quem é que liga para uma garota de vinte e poucos anos, que acha que já viveu o suficiente?
Pobres almas erradas, sequer conhecem meus cenários imaginários ou minhas vitrines individuais.
E por que esse meu obsessivo propósito de me encontrar? Ah, eu já sei, foram eles.
Eles quem?
Por um instante acreditei ter ouvido coisas do tipo “você precisa decidir”, “você precisa encontrar”, “você precisa...” “você precisa...”
PAREM!
Eu sei muito bem do que eu preciso!
Em outros tempos, em meu passado, talvez eu inventasse fugas por covardia, e recorresse às drogas, bebidas e muito rock and roll.
Hoje não mais. Minha sólida educação de uma “quase” mulher da classe média tornou-se visível. Agora e cada vez mais o outro, e o novo embora tão velho e desgastado.
Ah, deixa para lá, dali a um minuto ou vários meses, quem sabe. Quem sabe ele não apareça na forma de um raio de sol luminoso e dourado. Mas é madrugada, e eu continuo sozinha.
Sozinha e com o telefone em mãos busco pela agenda com vários daqueles nomes e números, os quais sei que jamais discaria, mas guardo, por pura precaução.
Precavida demais.
Precavida e distraída.





Era quase frio, quase calor.
Mas o importante mesmo era que todos soubessem.
Havia chegado o outono.


9 comentários:

  1. Por um instante acreditei ter ouvido coisas do tipo “você precisa decidir”, “você precisa encontrar”, “você precisa...” “você precisa...”
    PAREM!
    Eu sei muito bem do que eu preciso!

    ...

    ISSO PARECE SER MINHA SINA ......É UM SACO!!!

    Lo! Continue escrevendo (fala que eu te escuto rsrs)

    Beijos da DeniLse Fait

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  2. Posso passar os olhos sobre o texto novamente e descobrir mais de muitas frases onde me encontrei. Ótimo texto.

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  3. "Pobres almas erradas, sequer conhecem meus cenários imaginários ou minhas vitrines individuais." :O

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  4. "...talvez eu inventasse fugas por covardia, e recorresse às drogas, bebidas e muito rock and roll." Ah, adorei esse texto! =D É engraçado, os seus textos sempre me fazem refletir, você passa isso com as suas frases. Acho bem válido!

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  5. Eu sou tua fã, c sabe disso né nega, tuas palavras sempre me inspiram!

    mot dingo.

    (L)

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  6. [ Por um instante acreditei ter ouvido coisas do tipo “você precisa decidir”, “você precisa encontrar”, “você precisa...” “você precisa...”
    PAREM!
    Eu sei muito bem do que eu preciso! ]

    Sempre e sempre com textos que me encantam, que me prendem. Sua linda!

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  7. E aí nos encontramos mais uma vez, no tal do você precisa. Sempre ouvimos de alguém e pior, sempre falamos para alguém. É difícil querer/conseguir mudar - mas é fácil sempre pedir para que alguém mude. Todos nós tentamos, nem todos conseguimos. Mas a gente sabe... a gente sabe o que é bom para nós e quando sabemos, mudar é um nada. ;)

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  8. "Eles todos só imaginam e criam coisas. Criam coisas e imaginam. Coisa nenhuma. Não sabem de coisa alguma."
    FATO!!

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  9. Delicia! Como é bom descobrir um mundo diferente e parecido, imagino seu olhar através das lentes, deve ter a mesma visão de um solitário das madrugadas.

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