sábado, 26 de março de 2011

Era sábado e...


Isso tudo é tão inevitável...
Inevitável assim como não amá-lo, amar seus olhos, amar sua voz, amar.
Simplesmente e tão só amar.
Seu ar azedo logo pela manhã, seguido de um doce beijo de volto logo misturado com me espera.
Sim! Te espero!
Não foi exatamente assim que planejei, era sábado e não gostávamos de sair de casa, mas naquela manhã ele saiu sem dizer nada.
Passei o dia estiraçada no sofá esperando, contando as horas, os minutos, cada segundo que o ponteiro movimentava lentamente.
E logo aquela sensação, como é mesmo o nome? Vazio!
A falta do seu cheiro, e aquele sentimento estranhamente provocante, perturbador de estar incompleta.
A falta de nós juntos.
E como uma viciada me encontrava fora de controle tendo uma surtada espécie de abstinência, a televisão me irritava, então mudava de canal em canal, ia pisando fundo de um lado ao outro inúmeras vezes buscando algo, sem saber exatamente o que, então... Sentia.
Sentia saudade, desgosto, era quase tudo ao mesmo tempo, misturado se intensificando a cada instante.
Lançava olhares curiosos e ansiosos para a fechadura esperando ouvir passos, a chave encaixando, e o trinco abrindo, para então poder correr ao seu encontro, e só de imaginar esse momento me pegava tendo qualquer espécie grotesca de mínima excitação.
Foi o suficiente para me desligar do mundo e embarcar na ilusão de que logo chegaria.
Abri a porta, olhei, olhei e olhei. Nada.
Que se dane!
Apaguei a luz, desliguei a TV, busquei o mais íntimo e acolhedor silêncio.
Fechei os olhos e naquela escuridão, só conseguia prestar atenção nas batidas intensas vindas do meu próprio coração que gritava enfurecido um grito de dor.
Ainda de olhos fechados lembrei-me de como era raro vê-lo sorrindo e sonhando com seu sorriso, deixei escapar um suspiro de alegria.
Ali jogada ao chão adormeci.
Acordei com o barulho das chaves, me espreguicei e escondi qualquer resquício de mau humor, pois só de vê-lo chegando já me sentia estranhamente bem.
Ele me examinou com os olhos e tirou do bolso uma caixinha preta.
Com autoridade disse: Abra!
Eu abri e ali mesmo sem cerimônias no chão da sala fui pedida em casamento.
Eu aceitei surpresa e confusa, mas com a certeza de que era com ele que queria ficar.
Ele então disse, demorei porque no caminho fiquei estudando palavras bonitas e maneiras de dizer como te amo, mas não consegui e... Interrompi dizendo eu também te amo.
Meu coração disparava, minhas mãos tremiam, seus olhos negros me olhavam intimamente, e eu retribuía. Assim banhados pela luz da lua trocamos juras de amor eterno.
Não foi exatamente assim que planejei, era sábado e...

2 comentários:

  1. A história é linda e envolvente. Tem como não gostar? *-*

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  2. Eu queria parecer repetitiva e colar o que edwin disse, mas sabe quando simplesmente falta palavras e você só consegue ficar imaginando e se sentindo alegre como se o personagem fosse você mesma?
    Sim, eu sinto isso!

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