sexta-feira, 11 de março de 2011

Amor é mesmo assim, acontece e desacontece.

“Meu único medo é que você encontre alguém aí que te faça mais feliz do que eu.”


Eu só lamento, sabe. Lamento ter amado só você, enquanto você passava seu tempo amando aos outros. E no fundo, lá no fundo se olhar com carinho perceberá que o amor que eu te dei,era o amor que queria receber.
Esperando ouvir palavras gentis, gestos de carinho, um mísero sorriso mal dado, tudo era um sinal de que iria melhorar, era só uma fase, afinal já passamos por tantas coisas juntos, você lembra? Ainda lembra?  
Não lhe falta amor no peito, nunca disse isso, faltava apenas um eu ao qual você soubesse amar.
Um eu que tivesse menos defeitos, eu sei.
Um eu que não cobrasse tanto o tempo todo.
Um eu capaz de aceitar a todos as suas verdades.
Fomos enchendo-nos um do outro de uma forma que chegamos a explodir em ódio, ciúmes, essa explosão nos desestruturou.
Nossos olhares já não se cruzavam, em nosso lençol só lembranças de noites passadas, você me tratando com tanta brutalidade, eu derramando minhas lágrimas silenciosas, às vezes nossas mãos se encontravam nossos dedos se enamoravam, e você rapidamente os soltava, e como uma criança me sentia vazia, desamparada.
Já era noite, e você não estava mais me esperando na janela, nem no quarto, nem na cozinha – você adorava cozinhar pra mim – nem mesmo na sala vendo futebol.
Na mesa um copo de whisky suado com suas digitais e um bilhete.
Parei em frente à janela, esperei você voltar cabisbaixo, e sussurrei palavrões aos sete ventos, era tão óbvio. Não iria voltar.
Não tive coragem de abrir o bilhete.
Fui tomar um banho, e o medo do que poderia estar escrito ali, escorria em meu corpo com o vapor d’água, sem o mínimo esforço.
Minha imaginação criou tantas possibilidades, a melhor delas era de que você poderia ter escrito em itálico:
“Minha linda, eu pensei tanto em nós, e resolvi dar mais uma chance ao nosso amor. Fica comigo pra sempre?”
Fiquei ali, imóvel sonhando acordada.
Ele escreveu tudo o que eu queria ouvir sair da sua boca um dia.
Abracei-me, me senti amada!
Desejada!
Desci as pressas, peguei o bilhete com as mãos tremulas e...
Uma surpresa!
Eu me contorcia de tanto gargalhar, havia esquecido literalmente como se chorava.
No bilhete já amassado, viam-se letras borradas e escritas as pressas:
“Não precisa de explicação, amor é mesmo assim, acontece e desacontece mais cedo ou mais tarde, é uma questão de tempo. Não me ligue mais.”
Acho que não preciso dizer que eu morri naquele instante, na minha memória imagens de nós dois sendo rasgadas, queimadas e...
Foram-se dias, longos dias.
Foram-se noites, longas noites de insônia e ausência.
Hoje estou vivendo, não te esqueci se isso te consola, pelo contrário, quando parei de te procurar, você apareceu em meus pensamentos, mas esta é a minha realidade, só posso tê-lo em meus sonhos, e isso dói. Como dói.
Eu desisti, mais não por falta de amor, por excesso de sofrimento.
Espero algum dia encontrá-lo sozinho, não saberei me comportar vendo alguém que não seja eu fazendo você feliz.



4 comentários:

  1. Lindo, lindo e lindo. Frases fodas, história empolgante (em se tratando de linguagem literária) e um título - longo, EEE - que arrasa muito!
    Adorei.

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  2. Não lhe falta amor no peito, nunca disse isso, faltava apenas um eu ao qual você soubesse amar. ! MUITO LINDO ! *-*

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  3. Depois me pergunta o motivo d'eu gostar tanto dos seus textos... bonita, bonita.

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