terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Lágrimas no Quarto Azul

Tive vontade de publicar um anúncio bem grande no jornal: Precisa-se de disposição, porque só o amor, não tem bastado. Cá entre nós, descobrir às três horas e vinte e sete minutos da quinta-feira chuvosa, que havia acabado não é pra qualquer um.
Assim, sem mais nem menos.
Não teve a menor graça.
Não foi calculado.       
Não tinha má intenção.
Acabou, só isso.
Sem revolta aceitava em um primeiro instante. Depois aquilo tudo começou a me sufocar, logo veio a lembrança, as metáforas, o adeus.
Tão difícil quanto ouvir um adeus, acredite, é ver seu amor pegando as coisas do armário, predestinado, como se essa fosse uma decisão fácil, tomada de última hora. Como se fosse somente um velho amigo que veio fazer uma visita agradável, chegou de repente, ficou poucos dias, dormiu no mesmo quarto, dividiu as mesmas piadas e que, infelizmente teve que guardar os bons momentos debaixo da cama e partir. Afinal, toda visita chega ao fim. Fim. A passagem já estava comprada, e o destino era, algum-lugar-qualquer-longe-daqui-longe-do-passado-longe-de-mim.
Pois é meu caro, ninguém, eu repito ninguém esta livre do maior pecado.
O pecado da luxúria.
É luxúria sim senhor, não estou confundindo, querer um desses romances cheio de ficção, final feliz e todo aquele blá-blá-blá.
É luxo, dos grandes.
Acorda menino, acorda.
Contos de fadas são lindos para se ler, para se inspirar, para se envolver, mas ilusão demais desgasta. Relacionamentos desgastam. Pessoas se deterioram. Homens também choram. Também amam. São amados. Ou não.
Príncipe encantado. Final feliz. Ser amado. Amar errado. Cavalo branco. Fadas. Contos. Mentiras. Lágrimas. E mais lágrimas.
Ela chegou devagar, em passos leves, sem fazer barulho, não causou o devido estardalhaço. Foi direta, histérica, sem palavras, ou um sorriso. Então passou a habitar em mim, fazer parte da rotina imutável baseada em fatos já vividos. Ela chegou pra ficar. Maldita dor. Eu peço. Eu imploro. Desapropria-se desse corpo fracassado. Dessa mente cansada. Desses olhos apagados.
Apaguei. Veio também a náusea. Seguida pela dor de cabeça. O copo com água. Aspirina. Paracetamol. Doril. Talvez todas essas drogas façam essa dor passar. Dor que não passa. Morfina, os médicos dizem que ela cura qualquer dor... menos as minhas.
Eu sei, me tornei a própria vítima do ninguém me ama, ninguém me quer, nem eu mesmo. Mais e ai, vou fazer o que, fala-se tanto em “superação”, já li discursos lindos sobre pessoas que conseguiram depois de tanto chorar, chegar lá, viver-um-outro-amor. Parabéns, vocês são foda, porque, diante de toda essa banalidade com que o amor é tratado, vocês conseguiram encontrar motivos e forças para continuar tentando.
Tentar. T-e-n-t-a-r...
Não, eu não desisti por inteiro, tenho ainda uma chama de esperança acesa que me impede de jogar tudo pro ar. Que me impede de cometer qualquer loucura que possa surgir, e parecer aplicável a minha vidinha. Que me obriga a reler os contos de fadas e derramar lágrimas no quarto azul.



Dedicado a Maicon Santini.

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