sábado, 28 de abril de 2012

Parecidos com você

(...)
Ele- Chovia e fazia frio.
Ela- Brindávamos com uma xícara de café.
Ele- Fumávamos do mesmo cigarro.
Ela- Fumaça.
Ele- Muita fumaça.
Ela- Que seja eterno.
Ele- Amém!
Ela- Você me entendeu?
Ele- Espero que sim.
Ela- Sabe, quando eu falava...
Ele- Que seja eterno.
Ela- E você dizia: “Amém”
Silêncio.
Ele- Essa era a música que eu mais ouvia!
Ela- Adele...
Ele- Escuta, o que você dizia mesmo sobre o eterno?
Ela- Você não tem medo?
Ele- Você tem?
Ela- Perguntei primeiro!
Ele- Tenho, mas eu também tenho medo de muitas coisas e nem por isso deixei de viver.
Ela- Dá pra ver, não é?
Ele- O que? Ás vezes eu não te entendo.
Ela- Falo das minhas cicatrizes... elas parecem sangrar, mas como?
Ele- Acho que é porque elas nunca se fecharam por completo. E quanto aos erros?
Ela- Não sei, chego a pensar que nunca paro de cometer os mesmos.
Ele- Para.
Ela- Paro?
Ele- Para de pensar um pouco.
Ela- Quanto tempo?
Ele- Chega!
Ela- Quanto tempo até virar eterno?
Ele- Para.
Ela- É lamentável que passamos uma vida inteira para aprender a viver.
Ele- Conte-me como foi que fez as suas cicatrizes.
Ela- Chega!
Ele- Seus olhos.
Ela- Eu sei.
Ele- Eles têm algo parecido comigo.
Ela- Eles são parecidos.
Ele- Com você.
Ela- Com a gente.
Ele- Será que estamos loucos?
Ela- Estamos.
Ele- E você tem medo?
Ela- Não.
Ele- Não?
Ela- É porque agora eu sei que é eterno.

Texto criado a partir de fragmentos de um Sábado chuvoso. Com café, amor e poesia. 

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