domingo, 5 de junho de 2011

But...I don't care


Aqui estou, diante de todos, colocando meu rosto a tapa, esperando alguém se manifestar, limitando-me a... Nada. Não posso dizer, nem fingir que sinto, pois já não me importo, eu me importei, eu realmente me importei algum dia, agora já abdiquei de qualquer tentativa, de nada adianta existirem flores no deserto, não é mesmo? Eu posso estar errada, eu às vezes erro, mas só às vezes. Às vezes sou também tomada por essa minha compulsão por um imediato, um agora... mas tudo acaba sempre ficando pra depois, e esse depois acaba...não ele não acaba, ele simplesmente justifica a espera pelo incerto que não chega. Que demora! E você insiste em perguntar se eu tenho motivos? Claro, você não tem os seus? Alias, nem eu sei ao certo os meus, abandonei-os por ai, eles devem estar divagando, but...I don’t care. E assim tão de repente, me isolo na companhia daquele maldito sufoco, o peito apertado, vem a angústia desmedida, eu sei lá.. fique a vontade para definir como melhor convir, escolha você, pra mim tanto faz, deixei de importar-me com coisas fúteis, com meros conceitos e casos, descasos. Meus descasos. E na calada da noite eu busco por uma espécie de esconderijo para afugentar as velhas carências, um refúgio para meu próprio consolo. Paro de refletir na pausa de uma xícara de chá para a outra. E depois... Depois me vejo totalmente “fora de forma”, não falo dessas banalidades, sinceramente não me importo com os quilos a mais, eu me refiro ao conteúdo, a forma circular ditada pelos formadores de opinião. Miseráveis, todos comprados pela indústria da hipocrisia, uns imundos. Eu não me vendo por pouco, não me faço produto, não ficarei na prateleira a venda, prefiro mofar sozinha em minha casa de campo, com meus poucos móveis e a velha coleção de selos. Sim, eu me contento com o pouco, desde que o pouco signifique a mim o muito que os outros desprezaram, pela falta de crença em seu potencial. Tem mais uma coisa que eu quero que saiba... Enquanto você guarda cuidadosamente a sua audácia eu vou desperdiçando a minha pelas ruas pouco iluminadas e pelos becos, muitos sem saída. Pois é, assim como as ruas, nós estamos vulneráveis a seguir por caminhos sem saída, mais se te consola á sempre a escolha por caminhos alternativos, basta virar a direita, ou à esquerda, é um risco que fatalmente estamos predispostos a enfrentar. Mas e daí, viver já é um risco e tanto. Por falar em risco, risquei algumas palavras, mais as deixei visíveis só para depois virar as folhas e... O sol já se pôs, eu nem o vi, estava tão preocupada em parecer que não percebi o ponteiro do relógio girar. Mas ele gira até mesmo quando estamos distraídos demais. E quando você se dá conta, é tarde, tarde demais para o ontem que já passou e cedo demais para o amanhã que esta por vir. Saber que a vida passa enquanto estamos nos mantendo ocupados com milhares de intitulações e buscando a auto afirmação, desencadeia um processo de lucidez induzida, eis que eu gosto de chamar de: realidade. Real idade, então você para nostálgica e recorda dos tombos, das falhas, dos amigos e de todos os amores. Nem foram tantos assim, mas você lembra! São imagens do que se viveu, e por muito marcaram a sua realidade. Agora é viver “o daqui pra frente” com todas aquelas promessas que você tem a sã consciência que jamais cumprirá, mas cultiva, porque ouviu sua mãe dizer: “ a esperança é a última que morre.”

2 comentários:

  1. E os melhores textos surgem assim! =D
    Minha parte preferida:
    "Mas ele gira até mesmo quando estamos distraídos demais. E quando você se dá conta, é tarde, tarde demais para o ontem que já passou e cedo demais para o amanhã que esta por vir."

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  2. É, esse texto é todo lindo. Todo perfeito. Em suas linhas e entrelinhas.

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